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Acesso em 29/03/2024 às 02h16.

Câmara Especializada de Agronomia do Crea-PR posiciona-se contra os cursos 100% a distância

18 de abril de 2019, às 15h22 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Em reunião realizada no começo de abril, em Curitiba, os integrantes da Câmara Especializada de Agronomia (CEA) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) emitiram posicionamento contrário aos cursos de Agronomia ministrados na modalidade 100% Ensino a Distância (EAD). No entendimento da CEA, a formação dos acadêmicos de cursos que não contam com atividades presenciais é incompleta e tem consequências na formação dos futuros profissionais.

O Engenheiro Agrônomo Almir Gnoatto, coordenador estadual da Câmara Especializada de Agronomia, deixa claro que a CEA não é contra o Ensino à Distância. Professor do curso de Agronomia da UTFPR – Câmpus Dois Vizinhos, Gnoatto conta que a instituição já utiliza 20% dos conteúdos via EAD. “São atividades supervisionadas, mas que depois são cobradas pelos professores. O que a Câmara discute é a maneira adequada para complementar a formação. Nosso posicionamento visa a qualidade do ensino, não estamos negando a utilidade da ferramenta”, esclarece o coordenador estadual da CEA.

No entendimento da Câmara, há atividades práticas que são importantes para desenvolver as habilidades dos futuros Engenheiros Agrônomos, em áreas como mecanização, regulagem de máquinas, análise de solos, práticas em laboratórios e relacionamento com os produtores. “No EAD, pouco importa onde a faculdade de Agronomia está sediada. Segundo o Ministério da Educação, o Brasil tem 456 cursos e 93.120 vagas. Apenas dez cursos são responsáveis por 50.700 vagas via EAD. As demais 446 instituições são responsáveis pela formação de 45,55% dos Agrônomos”, exemplifica.

“Na análise dos conselheiros e dos integrantes das entidades de Agronomia, a qualidade dos profissionais formados será comprometida e eles não darão conta de atender aos problemas e desafios de mercado”, antecipa Gnoatto.

O presidente da Federação das Associações dos Engenheiros Agrônomos do Paraná (FEAPr), que congrega 20 entidades de classe, Engenheiro Agrônomo Clodomir Luiz Ascari, diz que a preocupação com a qualidade do ensino e a formação dos profissionais é anterior à resolução do MEC quanto ao EAD. “A sociedade estará amparada no futuro? Dez cursos oferecem 50 mil vagas, ou seja, 5 mil vagas por instituição. Será que conseguem dar a formação adequada? Estamos falando de uma série de atividades em campo, que demandam a prática”, comenta o Agrônomo.

A preocupação do presidente da FEAPr refere-se à atividade principal dos Engenheiros Agrônomos, a produção de alimentos. “Fala-se muito em segurança alimentar, em ter alimentos em quantidade suficiente para a população mundial e da qualidade sanitária desses alimentos. A formação correta é fundamental para que desempenhem a função a contento.”

Clodomir, que também é secretário de Agricultura de Pato Branco, pensa ainda que o isolamento dos indivíduos, uma das consequências das novas tecnologias, impede o convívio com outras pessoas em sala de aula e até de outros cursos, limitando o chamado “currículo invisível”. “Se nada for feito, a formação incompleta dos Engenheiros Agrônomos terá consequências na produção agrícola do Brasil. Negligenciar o problema pode se refletir negativamente no futuro”, completa Clodomir Ascari.

Cursos no Sudoeste

Dados da Regional Pato Branco do Crea-PR mostram que há cursos de Agronomia em Pato Branco (UTFPR e Faculdade Mater Dei), Francisco Beltrão (Unisep) e Dois Vizinhos (UTFPR e Unisep). Flavio Daniel Szekut, coordenador do curso de Agronomia da Unisep de Francisco Beltrão, ressalta que a formação dos profissionais exige mais do que o EAD pode propiciar. “Trata-se de ensinar teoria básica, conversar sobre experiências vividas no cotidiano da profissão, mostrar, discutir, ser fonte de conhecimento para os acadêmicos. O relacionamento humano e a criação de uma rede de contatos também são muito importantes na Agronomia, assim como as aulas práticas e as visitas técnicas, para ‘calibrar o olho’, como costumo dizer”, observa Szekut.

Para o coordenador de Agronomia da Unisep, o EAD não tem a mesma utilidade que em outros cursos de graduação.

“Hoje, o curso da Unisep – Francisco Beltrão é 100% presencial. O relacionamento humano, a verificação e diagnóstico em campo são imprescindíveis. Como fica a identificação de uma doença ou praga e a tomada de decisão para aplicação? Haverá conhecimento na teoria, mas dificilmente o profissional conseguirá ir a campo e realizar as diversas atividades necessárias”, reflete Flavio Szekut.

 


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