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Acesso em 19/04/2024 às 15h31.

Engenheiros, pesquisadores e alunos da Unila desenvolvem protótipo de respirador mecânico de baixo custo, em Foz do Iguaçu

Engenheiro à frente do projeto teve Covid-19 e a falta de respiradores para atender a todos os pacientes que ainda teriam a doença foi uma de suas principais preocupações

23 de abril de 2020, às 18h17 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

Em meio à pandemia do Coronavírus, países do mundo inteiro, estados e municípios brasileiros lutam para conseguir respiradores mecânicos para atender a pacientes vítimas da Covid -19 que lotam os hospitais.

Para suprir essa grande demanda, um grupo de professores e alunos de engenharia da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, em parceria com pesquisadores do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Campus São Carlos, trabalham no desenvolvimento de um protótipo de respirador mecânico de baixo custo. “Nós estamos desenvolvendo um ventilador pulmonar de baixo custo, mas que tenha tecnologias  superiores a um protótipo simples que ofereçam, por exemplo, alarme de pânico e  emergência no sistema, porque nós temos visto alguns modelos que não proporcionam segurança ao usuário”, explica Carlos Eduardo Palmieri, Engenheiro Eletrônico e Técnico do IFSP de São Carlos.

O coordenador do projeto, professor da Unila, Mestre e Doutor em Engenharia Mecânica-Aeronáutica pelo ITA e Tecnólogo em Mecatrônica, Oswaldo Barbosa Loureda, dá mais detalhes do equipamento que está sendo desenvolvido. “O protótipo é basicamente um respirador mecânico de emergência manual, que pode ser acionado de maneira automática. O protótipo possui dispositivos, acessórios, fontes, sistemas de controle e sensores, sistema de refrigeração, e fica dentro de uma caixa para que seja seguro e fácil de transportar”, esclarece.

O engenheiro conta ainda que ao longo do desenvolvimento do respirador a equipe descobriu que era possível melhorar o projeto. “A ventilação pulmonar, em tratamento intensivo, é muito delicada. Não é tão simples pressurizar o pulmão do paciente como muita gente está pensando. Muitas pessoas estão usando válvulas pneumáticas diretas, mas a ventilação mecânica pulmonar tem uma série de parâmetros de regulagem e de sistemas de segurança, e nós temos tentado reproduzir o que os ventiladores comerciais fazem. Assim, nós percebemos que a bolsa plástica, projetada no início dos trabalhos, não seria o mais interessante, e por isso foi substituída por uma microturbina que nós projetamos em impressora 3D, assim como é feito em vários ventiladores comerciais. Isso faz com que o nosso ventilador emergencial seja de baixo custo e mais próximo dos respiradores comerciais”, garante Loureda.

Com a propagação do novo Coronavírus e a falta de respiradores, o coordenador do projeto diz que a ideia do protótipo surgiu para suprir a demanda nacional. “Eu mesmo tive Covid-19 e logo no começo da doença fiquei pensando nesse cenário de falta de respiradores. Então nós começamos a pensar em alternativas e chegamos ao desenvolvimento de um projeto que utilizava motores automotivos, peças desenvolvidas em impressoras 3D, considerando um cenário onde não é possível importar peças, visando atender emergencialmente essa demanda dos hospitais”, lembra Loureda.

Além do empenho de pesquisadores do Campus da IFSP em São Carlos e de professores e alunos da Unila, o projeto conta ainda com a parceria de uma startup de tecnologia espacial que viabiliza diversos recursos da indústria aeroespacial. Segundo o Professor e Médico Luiz Fachini, da Unila, o protótipo está quase pronto. “Ainda estamos tentando usar sistemas de  sensores alternativos que não sejam importados. Essa é a última etapa do desenvolvimento e acredito que dentro de uma ou duas semanas nós teremos o protótipo pronto já para ser testado em pulmões artificiais e simuladores”, comemora Fachini.

De acordo com o Professor Loureda, desde o início do projeto a ideia era desenvolver o respirador para torná-lo domínio público, com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “O problema é que estamos vendo muita coisa estranha na internet, sem segurança,  então nós não sabemos se vamos realmente abrir essa tecnologia ou se vamos comercializar por meio de uma empresa, mas a ideia é salvar vidas nesse momento de emergência, esse é o nosso foco principal. Nós ainda não estamos pensando no modelo de negócio e certamente precisamos da aprovação da Anvisa. Nós acreditamos que por meio de um protótipo bem consistente e sofisticado, como estamos fazendo, a gente consiga uma certificação, uma liberação da Anvisa nesse momento de emergência”, diz.

O coordenador do projeto do ventilador mecânico ressalta ainda a grande vantagem do equipamento que está sendo desenvolvido. “A grande sacada desse projeto é que esse respirador vai sair muito barato, na casa dos R$ 300, R$ 400 quando for fabricado em série, e isso pode salvar a vida de muita gente”, conclui. ​

 

Geovana Diesel

Assessora de Imprensa do Crea-PR / Regional Cascavel


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