Marca do Crea-PR para impressão
Disponível em <https://www.crea-pr.org.br/ws/2021/03/lideranca-feminina-em-crescimento-no-crea-pr/>.
Acesso em 16/04/2024 às 03h24.

Liderança feminina em crescimento no Crea-PR

Em gerências, chefias de departamentos e na representação das entidades de classe e instituições de ensino, o número de mulheres cresce a cada ano

8 de março de 2021, às 11h00 - Tempo de leitura aproximado: 11 minutos

As áreas das engenharias, agronomia e geociências por muito tempo foram vistas como um campo masculino, com a predominância de homens desde o período da graduação até o mercado de trabalho. O mesmo vale também para a participação nas entidades de classe e nas equipes das instituições de ensino. Mas, apesar de o número de mulheres ainda ser menor que o de homens entre os profissionais destas áreas, elas vêm conquistando espaço com muita garra, foco em seus objetivos e dedicação. Por outro lado, empresas e instituições têm oportunizado cada vez mais o crescimento profissional das mulheres, que sabem como aproveitar as oportunidades. Para as mulheres, as opiniões e sentimentos são divididos entre a felicidade de alcançar os objetivos profissionais, crescer cada vez mais e fortalecer a presença feminina nas lideranças, e o acúmulo de funções para dar conta de todas as áreas da vida: profissional, social, pessoal, que pesa nas cobranças de si mesma e da sociedade.

Neste 8 de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, damos um panorama da colocação delas no Crea-PR. O Conselho no Paraná marca sua história nos últimos anos pelas ações inovadoras em todos os ambientes profissionais, seja com mudanças internas ou externas. Criar oportunidades de crescimento profissional para as mulheres, buscando a equidade de gêneros, tem sido uma das formas de aumentar a participação feminina nos cargos de liderança.

O presidente do Crea-PR, engenheiro civil Ricardo Rocha de Oliveira, vê “com muito entusiasmo a ampliação da participação feminina no mercado de trabalho nas áreas de atuação do nosso Sistema Profissional. Sempre menciono que apenas é necessário oferecer a igualdade de oportunidades, pois as mulheres com isso certamente irão conquistar seu espaço, com suas competências extraordinárias, seu enorme potencial e suas aptidões intelectuais para a realização de inovação. Destaco a paixão com que atuam, a persistência e a capacidade de realizar múltiplas tarefas com qualidades especiais. O mundo só tem a agradecer a elas. Muito obrigado a todas”.

Hoje no Conselho Regional do Paraná as mulheres estão em diversas colocações de chefia. São quatro gerentes, sendo três de departamentos e uma de regional; e 14 facilitadoras. Além disso, de toda a equipe no Paraná são mais mulheres do que homens. Do total de funcionários, hoje são 183 mulheres e 162 homens.

Engenheira agrônoma Ana Paula Afinovicz, gerente da Regional Ponta Grossa do Crea-PR

A engenheira agrônoma Ana Paula Afinovicz, gerente da Regional Ponta Grossa do Crea-PR, é a mais recente nomeação de uma mulher em um cargo de liderança do Conselho: assumiu a função em fevereiro deste ano. “Não podemos dizer que é fácil para uma mulher assumir um cargo de liderança. Muitas vezes precisamos conciliar o papel de mãe, esposa, dona de casa, além das responsabilidades no trabalho. Ainda mais nesse período de pandemia, que estamos passando por tantas adaptações. Mas quando a mulher se propõe a assumir uma liderança, é difícil segurar!”, declara a gerente. Para ela, ser selecionada para gerência gerou vários sentimentos: orgulho, gratidão, medo, insegurança. “É um desafio, há muita coisa para aprender. Recebi muitas mensagens de apoio de colegas, todos prontos para ajudar. Agradeço de coração! Essa sensação de acolhimento, não tem preço!”, diz Ana Paula.

Mas nem sempre as portas estiveram tão abertas. “Falando um pouco de marcado de trabalho, senti muita dificuldade de inserção. A agronomia ainda é uma profissão que os homens dominam. Este foi um dos motivos que me levou a buscar concursos públicos”, relata a engenheira.

Ela comenta que nos cargos de liderança no Crea as mulheres ainda são minoria, “mas não vejo isso como problema. Todos aqui têm muita competência, independente do gênero. Passamos recentemente por uma seleção para escolha das novas gerências das Regionais de Curitiba e de Ponta Grossa. Foi um processo transparente e em nenhum momento senti que o fato de ser mulher iria me prejudicar. Desde que entrei no Crea-PR, lá em 2008, recebi muito estímulo para crescer, tanto pessoal, como profissionalmente”. A Regional Ponta Grossa tem hoje 3.942 profissionais registrados e com visto e é composta, além da Inspetoria de Ponta Grossa, pelas de Castro e de Telêmaco Borba.

Analista de Sistemas Tatiana Breda, gerente do Departamento de Tecnologia da Informação do Crea-PR

Gerente do Departamento de Tecnologia da Informação do Crea-PR há três anos, a analista de sistemas Tatiana Breda acredita que “as mulheres têm se esforçado muito para conquistar seu espaço no mercado de trabalho e têm conseguido, mas têm pago um preço bastante alto para isso”. Em sua visão, vemos mulheres desempenhando as mais diversas profissões e fazendo isso muito bem, embora ainda exista muito preconceito. “Sabemos que existem muitas empresas em que a mulher faz o mesmo trabalho que o homem, mas não é reconhecida. Ainda bem que no Crea-PR isso não acontece, muito pelo contrário, vemos cada dia mais as mulheres conquistando cargos de liderança dentro do Conselho”, conta.

Mas para ela, uma das questões do preço que se paga, “é que nós, mulheres que chegamos à liderança, temos um papel muito importante perante todas as outras, pois muitas vezes não nos achamos capazes de desempenhar tal papel, ou seja, temos uma visão distorcida de nós mesmas, achamos que aquilo não é para nós. Mas quando enfrentamos as dificuldades, assumimos os desafios e superamos nossos medos, ajudamos todas as mulheres a nossa volta a perceberem que o lugar da mulher é onde ela quiser”, diz a gerente.

As mulheres na fiscalização

A gerente do Departamento de Fiscalização do Crea-PR (Defis), engenharia ambiental Mariana Maranhão, conta que “sabemos das dificuldades existentes, especialmente no setor privado, porém o Crea-PR possui uma visão de equidade em relação à capacitação e oportunidades. Hoje, além de mim, temos mais três gerentes mulheres”, conta. O setor de Fiscalização é considerado o coração da entidade, uma vez que combater o exercício ilegal e antiético da profissão é função direta do Conselho que regulamenta as profissões de Engenharia, Agronomia e Geociências.

Criado em 2012 com o objetivo de unificar a fiscalização em nível estadual e coordenador os trabalhos entre as Regionais, o Departamento foi gerenciado durante três anos por uma mulher. Nos três anos seguintes o responsável foi um homem e em 2018 Mariana assumiu a gestão, após convite da atual presidência. Ela conta que entrou no Crea-PR em 2011 como agente fiscal na Inspetoria da União da Vitória, onde ficou por quase dois anos e conheceu como funciona o sistema e toda a rotina de fiscalização. Um ano depois, retornou para Curitiba para cuidar do planejamento e controle de fiscalização no próprio Defis. “Em 2015 fui convidada para ser facilitadora do Departamento, função semelhante à de supervisão. E em dezembro de 2018 assumi a gerência do Departamento após o gerente anterior ir para um novo desafio na Regional Pato Branco”.

Engenheira ambiental Mariana Maranhão, gerente do Departamento de Fiscalização

Mariana lidera uma equipe de cerca de 100 funcionários, direta e indiretamente. “Confesso que, no começo, tive um pouco de receio quando assumi o cargo, em especial por atender um universo bastante masculino, mas posso dizer que não senti qualquer preconceito, uma vez que me apresentei como responsável e capacitada para esta posição”, destaca.

Entre os agentes de fiscalização que vão a campo ou fazem averiguações virtualmente por sistemas de cruzamento de dados, 42 são homens e 14 mulheres.

 

 

Representação feminina nas Engenharias, Agronomia e Geociências

Entre o total de profissionais registrados e com visto no Crea-PR, que hoje são 87.186, as mulheres somam 13.289, o que significa 15,24%. A porcentagem delas muda conforme a área. Nas modalidades agrimensura, civil, geologia e minas e segurança do trabalho, o índice aumenta, as mulheres são aproximadamente 20% do total de profissionais. Na agronomia a participação delas fica nessa tendência geral, perto de 15%. Os destaques, de menor e de maior número, respectivamente, estão nas modalidades mecânica e metalúrgica e química. Dos 12.288 profissionais registrados na área de mecânica e metalúrgica, apenas 594 são mulheres, o que significa 4,83%. Já na modalidade química, dos 2.733 registrados no Paraná, 1.065 são mulheres, representando 38,96% do total.

No Crea-PR, dos 166 inspetores, 22,3% são mulheres, um crescimento de 2% com relação ao último mandato. Os inspetores são profissionais voluntários, eleitos pelos profissionais, que atuam junto ao Conselho para melhorar a eficiência das ações de fiscalização, em defesa do exercício profissional e da sociedade.

Algumas curiosidades, em algumas Inspetorias, como por exemplo Foz do Iguaçu e Castro, o número de homens e mulheres é igual. Já a Inspetoria de Curitiba se destaca: todas as inspetoras são mulheres, cinco no total.

Já os conselheiros são profissionais que representam as entidades de classe e instituições de ensino da área e compõem as Câmaras Especializadas das Engenharias, o Plenário e as Comissões, responsáveis por todas as decisões de processos e julgamentos no Conselho. Dos 136 conselheiros titulares, 14 são mulheres; e dos 110 conselheiros suplentes, 18 são mulheres. Esses dados representam um crescimento de 2% com relação à representatividade feminina entre os conselheiros em 2020.

“As mulheres conquistaram seu espaço em setores que eram predominantemente ocupados por homens com muito trabalho, competência, dedicação e alto nível de conhecimento técnico. Hoje, em várias áreas da engenharia, agronomia e geociências percebemos muitas mulheres como referência nas suas áreas de atuação”, diz o gerente da Regional Londrina do Crea-PR, engenheiro eletricista Edgar Tsuzuki.

Comitê Mulheres do Crea-PR

Em 2017, o Crea-PR criou o Comitê Mulheres com o objetivo de fomentar a representatividade das mulheres e o aumento da participação feminina nas decisões no Sistema Confea/Crea. As mulheres são aproximadamente 15% do total de profissionais registrados no Crea-PR e são representadas no Sistema Profissional por conselheiras e inspetoras, ou atuando em entidades de classe e instituições de ensino em cargos de direção. Atualmente existe o Comitê Gestor Estadual formado por conselheiras na efetividade da função e três funcionárias, e os Comitês Regionais, com oito coordenadoras. O Comitê Mulheres hoje é coordenado pela conselheira engenheira civil Karlize Posanske da Silva.

Clique aqui e saiba mais sobre os Comitês Regionais.

O Confea também tem uma iniciativa neste sentido, o Programa Mulher, lançado em 2019, que desenvolve ações pela representatividade das 195 mil mulheres profissionais registradas no Sistema Confea/Crea. Saiba mais em https://www.programamulherconfea.com/.

Mais espaço para mulheres em altos cargos no mercado de trabalho é tema da Agenda 2030 do Pacto Global

O Pacto Global, Programa da ONU para engajar empresas e instituições nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), do qual o Crea-PR é signatário desde 2010, lançou em 2020 o Programa Equidade é Prioridade, que visa estimular a igualdade de gênero no mercado de trabalho. Ele prevê duas metas: a primeira é a ocupação de 30% dos cargos de alta liderança por mulheres até 2025 e a segunda, 50% até 2030.

O Crea-PR, apesar de não ter aderido formalmente ao Programa, já atingiu neste ano de 2021 a marca de 30% dos cargos de liderança ocupados por mulheres.

A estratégia está em consonância com a Meta 5.5 da Agenda 2030, que visa garantir a plena participação efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomadas de decisões. Atualmente, 21 empresas já se comprometeram com o Programa em alcançar as metas propostas. Dessas, sete já cumpriram.

Pesquisas apontam que o empoderamento da mulher no mercado de trabalho age como catalizador para outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como por exemplo a meta 4,  Educação de Qualidade, e a meta 3, Saúde. O Banco Mundial realizou um estudo entre 2004 e 2014 e identificou que com o aumento da participação feminina no mercado de trabalho a pobreza diminuiu em 15% no Brasil. Esse aumento na participação também teria potencial para injetar US$12 trilhões no PIB mundial até 2025, segundo cálculos da McKinsey, empresa americana, líder mundial em consultoria empresarial.

Segundo o IBGE, dados do ano de 2017, as mulheres ocupam 39% dos cargos de gerencia no Brasil, sendo 24% com idade entre 30 e 49 anos. Há apenas três estados brasileiros em que essa proporção ultrapassa 50%: Amapá, Alagoas e Piauí. Mas nenhum ultrapassa os 53%. O Rio Grande do Norte é o estado em que as mulheres estão menos presentes na liderança, com apenas 32%.

Saiba mais sobre o Programa.

Texto: Débora Pereira – Comunicação Crea-PR

Colaboração: Débora Reusing – Comunicação Crea-PR


Comentários

Nenhum comentário.

Deixe um comentário

Comentários com palavras de baixo calão ou que difamem a imagem do Conselho não serão aceitos.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *