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Acesso em 28/03/2024 às 10h22.

Paraná se mantém líder na criação de tilápia no Brasil

Nem mesmo as incertezas geradas pela pandemia foram capazes de frear os avanços da produção

14 de julho de 2021, às 10h28 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos

Mais de 5,93%. Esse foi o índice de crescimento que, mais uma vez, coloca o Brasil em posição de destaque quando o assunto é piscicultura. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), a produção de peixes de cultivo saltou de 758.006 toneladas em 2019 para 802.930 toneladas em 2020, o segundo melhor desempenho desde 2014, ano em que os índices começaram a ser analisados.

 

Os resultados positivos, de acordo com especialistas, tendem a crescer ainda mais, principalmente quando se leva em consideração a produção de tilápias, um tipo de peixe de água doce.  Só em 2020, o Brasil produziu 486.155 toneladas de peixes da espécie. Na conta, o Paraná lidera o ranking nacional, com 166.000 toneladas, seguido de São Paulo, com 70.500 toneladas e Minas Gerais, com 42.100 toneladas. Resultados que, segundo o Engenheiro de Pesca Ronan Maciel Marcos, professor e coordenador do curso de Engenharia de Aquicultura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFSS), em Laranjeiras do Sul, são decorrentes dos constantes trabalhos de atualização e melhoramento realizados no setor.

 

“Hoje, temos produtores buscando conhecimento, engenheiros qualificados no mercado de trabalho e cooperativas investindo de forma significativa nas tilápias. É um ambiente que prospera naturalmente e, com os investimentos em graduações, capacitações e estruturação geral do setor, fomenta o contínuo crescimento”, indica o Engenheiro de Pesca.

 

Um dos exemplos que comprova esse avanço é ligado diretamente a criação. Antes, há cerca de cinco anos, havia capacidade máxima de criação de 3 a 4 peixes por metro quadrado. Hoje, a partir dos estudos e acompanhamentos de profissionais especializados, se tornou possível a criação de 6 a 8 peixes por metro quadrado. No quesito peso, também houve melhorias: em 2005, a média por tilápia era de 400g. Hoje, já é possível encontrar tilápias pesando entre 800g e 1,2 kg. 

 

“O grande responsável para que todo esse progresso continue ocorrendo é o consumidor, que levou a tilápia para a mesa e consome esse produto com muito mais constância. Porém, precisamos destacar a presença dos Engenheiros de Pesca e Aquicultura e os técnicos da área, que estudam e pesquisam diariamente para que os produtores, na ponta da produção, tenham recursos mais avançados em termos de genética, manejo, recursos e produtividade”, enumera Ronan, que também é coordenador regional do Colégio de Instituições de Ensino (CIE) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), em Guarapuava. 

 

No Paraná, são cinco cursos de graduação nas áreas de Pesca e Aquicultura: Engenharia de Aquicultura na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), de Laranjeiras do Sul; no Instituto Federal do Paraná (IFPR), de Foz do Iguaçu; na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Palotina e Pontal do Paraná e a Unioeste, de Toledo, com o curso de Engenharia de Pesca. Com a expectativa de formação de novos profissionais todos os anos, o Engenheiro de Pesca Arcangelo Signor, professor do curso de Engenharia de Aquicultura do IFPR – Campus Foz do Iguaçu, garante: há espaço para muito mais. 

 

“A tilápia é um peixe que tem mercado aberto e grande ascensão no Paraná. Isso quer dizer que precisamos e continuaremos precisando de profissionais especializados que possam estar preparados para as demandas do mercado. No começo, víamos muitos filhos de produtores de tilápia saindo desse segmento. Hoje é o contrário: muitos deles procuram conhecimento e capacitação nas universidades para ajudar a família a aumentar a produtividade. No final, temos profissionais que contribuem com os produtores e colaboram para que toda a cadeia produtiva cresça”, relata Arcangelo. 

 

O extensionista em piscicultura, Alisson Luis Borges Menegassi é um exemplo. Ele é graduado em Engenharia de Aquicultura pela UFFS desde 2019 e atualmente trabalha na Copacol, importante cooperativa do Oeste paranaense que também atua na produção e venda de tilápias. No dia a dia, ele atende propriedades rurais, oferecendo assistência aos produtores de tilápias do Nilo, acompanhando o manejo diário e desenvolvimento zootécnico dos animais desde o início até o fim da produção (despesca).

 

“O setor vem se desenvolvendo muito bem nos últimos anos, principalmente aqui no Paraná, aumentando a produção a cada ano. Pensando assim, a expectativa é de um crescimento ainda maior, pois temos muitas áreas a serem exploradas e o mercado precisando de profissionais qualificados. Dessa forma, temos oportunidades de trabalho em todos os setores da aquicultura, principalmente em piscicultura”, enaltece Alisson.

 

Perspectivas do setor

A criação de peixe em cativeiro ainda não representa 1% do Valor Bruto da Produção (VBP) paranaense. Mas tem importância para vários municípios no Estado: 60% do VBP e 66% da produção de pescados vêm do Oeste, principalmente das regiões de Toledo e Cascavel, onde a tilápia representa mais de 95% do total.

 

No Paraná, a produção de tilápia cresceu 11,5% entre 2019 e 2020: foram 172.000 toneladas em 2020 contra 154.200 t no ano anterior. Um dos destaques é o modelo cooperativista, representado por importantes cooperativas como Copacol e C.Vale. 

 

Segundo levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), em 2000 o país produzia menos de 200 mil toneladas de tilápia, peixes nativos e outras espécies e não participava do mercado internacional. Desde então (2000 a 2020), a piscicultura está praticamente quatro vezes maior, com produção de 802.930 toneladas/ano. A expectativa, portanto, é que em 20 anos, o Brasil seja o maior produtor mundial de peixes de cultivo, com a tilápia ocupando a liderança. 

 

De acordo com dados do Crea-PR, o Estado conta com 97 Engenheiros de Pesca e 15 de Engenharia de Aquicultura registrados na autarquia. A primeira especialidade diz respeito ao estudo do cultivo de organismos aquáticos em um espaço confinado e controlado, na maior parte dos casos. Já a segunda é ligada a retirada dos recursos pesqueiros no ambiente natural.

 

Sobre o Crea-PR

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), criado no ano de 1934, é uma autarquia responsável pela regulamentação e fiscalização dos profissionais da empresa das áreas da engenharia, agronomias e geociências. Além de regulamentar e fiscalizar, o Crea-PR também promove ações de orientação e valorização profissional por meio de termos de fomentos disponibilizados via Editais de Chamamento.


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