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Acesso em 10/12/2024 às 13h55.

Em vigília constante

Confira o artigo do presidente do Crea-PR, eng. civ. Ricardo Rocha de Oliveira.

16 de setembro de 2021, às 10h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

Há alguns meses, convidamos a Sociedade para refletir e discutir conosco sobre segurança de edificações e o papel dos profissionais habilitados neste contexto, com base em uma sugestão de projeto que o Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT) entregou à Secretaria de Governo da Presidência da República (SEGOV) sobre o exercício das profissões de Técnico Industrial e Técnico Agrícola de nível médio.

A proposta criada pelo CFT tem como ideia permitir ampliar as atribuições dos Técnicos de nível médio em Edificações e em Construção Civil, para que, caso essa lei fosse aprovada, houvesse a extensão da responsabilidade desses profissionais para que eles pudessem vir a realizar atividades de projeto, cálculo, direção e execução dos serviços em edificações de até 300m² de área construída, muito superior aos atuais 80m² que são autorizados.

Depois dessas, já tivemos outras iniciativas dos dois Conselhos de Técnicos (CFT Industriais e CFT Agrícolas) relacionadas a um desejo de ampliar suas atribuições em outras áreas, tais como Telecomunicações e Agronomia, não só por meio de leis, mas também de resoluções internas (dispositivos denominados infralegais, que só podem regulamentar o que já está autorizado em lei, nunca extrapolar o que já está definido e limitado).

Pedimos, à época, a reflexão acerca dos limites que a busca pelo mercado de trabalho deve respeitar, para que haja um devido equilíbrio entre a formação (o nível que se estuda) e as possibilidades de exercício das profissões, de modo a não haver graves problemas de risco à segurança das pessoas. A pergunta crucial que fizemos e reforçamos – após todas essas ações para ampliação profissional que vêm sendo propostas – é se a formação adquirida pelo egresso de nível médio (antigo segundo grau), que se confere por meio dos conhecimentos necessários diversos é suficiente para as ações sugeridas.

Entendemos que a formação obtida em cursos técnicos é interessante e importante para a sociedade, e tem um vasto campo de trabalho, mas deve respeitar com muito cuidado o nível de conhecimentos e habilidades técnicos e científicos recebidos durante o curso, pois uma ampliação da atuação em áreas em que um profissional não é adequadamente preparado em seu processo formativo pode acarretar grandes riscos à sociedade.

As formações de nível superior nas diversas modalidades das Engenharias contam com conceitos de desenvolvimento de competências e metodologias de ensino que organizam a formação necessária para um cuidadoso exercício profissional em mais de 3.600 horas e, normalmente, de cerca de cinco anos de profundos estudos, atividades práticas, estágios e experimentações.

Entendemos que o papel dos técnicos de nível médio é importante e tem seu espaço na concepção e execução auxiliar de soluções criadas e planejadas pelos profissionais de nível superior nas áreas das Engenharias, Agronomia e das Geociências. Temos um longo histórico de harmonia e respeito às áreas de trabalho de cada nível de formação e consideramos que há espaços adequados para todos na sociedade, mas o foco e o nível de aprofundamento no processo de aprendizado nos cursos devem ser respeitados para o correto e seguro exercício das nossas profissões.

O Conselho profissional é o órgão de defesa dos interesses sociais e humanos! Há que se considerar riscos de propostas que, se forem aprovadas e tornarem-se leis ou resoluções infralegais, poderão trazer riscos incalculáveis à sociedade.

Situações que envolvem segurança social não podem ser pautadas por vontades e interesses de pequenos grupos, mas, sim, pela ciência e por uma profunda e ampla discussão envolvendo acadêmica e sociedade, bem como as autoridades de proposição e formação das leis, com todos os impactados pela questão.

Continuamos em vigília constante para nos posicionarmos sobre qualquer ação para Projetos de Leis inconsistentes, que não têm respaldo em um processo formativo para exercício de determinadas áreas de atuação, ou sobre resoluções internas dos conselhos que extrapolam o que está adequadamente previsto em leis. Essas ações realizadas de forma inadequada, sem o cuidadoso processo de discussão que mencionamos, colocam em risco a segurança e a vida das pessoas. Reforçamos nosso pedido aos parlamentares do Congresso Nacional e aos representantes de demais conselhos para refletirem acerca das inconsistências de todas as propostas de ampliação profissional apresentadas no decorrer deste ano, que buscam espaços no mercado de trabalho sem o devido e rigoroso processo de formação para atuar de forma coerente em áreas estratégicas de nossa sociedade.

Ricardo Rocha de Oliveira

Engenheiro Civil e Presidente do Crea-PR


Comentários

  1. Luis egidio says:

    O crea vai as escolas tecnicas ,impor tecnicode seguranca do trabalho futuros o seu registro, mesmo sabendo por decisao judicial esta proibido. Fora isto quem faz pcmat a maioria das vezes sao tst , o engenheiro so assina.

    • Comunicação Crea-PR says:

      Olá, Luis. Tudo bem?
      Não entendemos muito bem seu comentário, os técnicos de segurança do trabalho ainda fazer parte do Sistema Confea/Crea.

  2. Quantas horas de voo precisa ter o comandante duma aeronave para garantir que esta se mantenha segura para seus tripulantes? Essa quantidade de horas foi estipulada a partir da ocorrência de insidentes e de seus resultados. Apoio a criação de conselhos específicos, mas dados os seus limites, pois, entendemos que, mesmo numa mesma sala de aula com 5.000 horas de preparação ainda falta muito para passar e se requer, para cada especificidade uma pós graduação, para aumentar a abrangência do conhecimento daquele profissional, então, como técnico que fui por tanto tempo, e por graduado que fui ao longo da carreira, e ainda estou estudando para melhorar, defendo que a sociedade precisa de ambos os profissionais, e cada profissional precisa de seus parceiros, nos níveis operacionais, técnicos, estratégicos, lógicos, gerenciais, direcionais e gerenciais, e a competição é menos importante do quê a união e o trabalho mútuo. Boas equipes são formadas de vários niveis de profissionais. Há mercado pra todos e o cliente precisa ser bem atendido em todas as sua necessidades, e a segurança, a qualidade, a economia e o prazo devem ser respeitados e cumpridos. Rezo para quê encontremos a paz em tudo quanto for realizado e que o legado de cada um possa ser enaltecido e bem lembrado.

  3. NELSON OLIVEIRA says:

    Prezado Presidente!!

    Por muitos anos ficamos refém de um sistema, que nada fez pelos técnicos hj somos livres, para atuar
    Acredito que o Senhor deveria se preocupar com os Engenheiros EAD, esses sim requer muita atenção
    muito em breve teremos resultados negativos. Vou deixar uma dica ” Primeiro limpe sua casa, pra depois falar da casa do vizinho”

    Att.
    Nelson

  4. Leandro says:

    Boa tarde Sr. Ricardo!!
    Interessante saber que em seu artigo fica entendido que somente quem está no CREA é inteligente e capaz, os demais profissionais que estão fora do supremo CREA são incapazes e desprovidos de inteligência suficiente para exercer um belo trabalho.
    Para ver como destoa seu texto da realidade, é só observar o caso de uma marquise que desabou na grande Porto Alegre ano passado, projeto esse fiscalizado pelo CREA, onde morreram pessoas que estavam trabalhando na construção da mesma. Estando a obra em co- participação profissional responsável e CREA pela fiscalização, porque o CREA se isentou da responsabilidade quando viu o que aconteceu? As famílias das vítimas também deveriam confiar somente no CREA depois do ocorrido?
    Pode sim existir pessoas capazes de executar trabalhos complexos fora da ingenuidade que vocês pregam.
    A história mostra isso em inúmeras vezes, só não enxerga quem não quer. Ademais, abra seus olhos, para ver como será o futuro da sua própria instituição, com o passar do tempo restarão poucos pagando anuidade para um conselho que só arrecada para o benefício de poucos. Os tempos estão mudando.

    • Comunicação Crea-PR says:

      Olá, Leandro. Em nenhum momento foi dito que vocês são inferiores, somente sugerimos uma reflexão acerca dos limites que a busca pelo mercado de trabalho deve respeitar. Discordamos do seu posicionamento, mas incentivamos o debate e discussões sadias.

  5. Alex Fernandes dos Santos says:

    Sou Técnico em Agropecuária, trabalho na área Agropecuária a mais de 10 anos e nunca senti que meu trabalho seja de alguma forma inferior por ser técnico de nível médio, todos que atendi nesse período estão satisfeitos com meu trabalho pois o fiz com muito zelo e dedicação. Assim como os outros colegas técnicos passei maior parte da minha carreira atrelado ao CREA onde pagávamos anuidade e nunca tivemos o reconhecimento que merecíamos como profissionais que realizam um serviço de excelência. Não é diploma que faz um bom profissional, claro que tem sua importância, mas isso não significa que são melhores profissionais que os de nível médio. Dêem-se por satisfeitos e aceitem nossas conquistas, sobrevivemos 40 anos sob o jugo do CREA, hoje temos nosso conselho próprio e queremos o espaço que nos é de direito.

    • Comunicação Crea-PR says:

      Olá, Alex. Em nenhum momento foi dito que vocês são inferiores, somente sugerimos uma reflexão acerca dos limites que a busca pelo mercado de trabalho deve respeitar. Discordamos do seu posicionamento, mas incentivamos o debate e discussões sadias.

  6. Lauro José Migliavacca says:

    Boa tarde acredito que tem serviço para todos, nesse nosso imenso Brasil, porém cada qual deve respeitar seu limite e sua graduação, pois a segurança da sociedade tem que vir ex-primeiro lugar.

  7. Luiz Henrique capelari says:

    Sabe porque estão querendo chegar em 300 m2? Porque vocês deram atribuições de 80,00 m2 para técnicos, como um técnico pode executar uma casa em laje pré moldada, com cobertura de telha cerâmica ou outra qualquer, como ele vai saber calcular as cargas que atuaram nessa obra? Culpa de vocês, que não tiveram uma visão para um futuro muito próximo, quiserem arrecadar com os técnicos, abriram demais, não analisaram tecnicamente, agora vem com essa conversa de ficar de olho nas ações deles, me desculpe o termo mas vocês do Crea fizeram nós engenheiros civis, colocaram dentro do nosso conselho concorrentes de um nível técnico de conhecimento muito abaixo do nosso, só que vai explicar para a população , que busca muitas vezes preço do que qualidade, pois os preços dos técnicos estão muito abaixo do nosso, estou referindo a projetos, execução de obra, quero saber como vcs vão pagar esta dúvida conosco?

  8. Mário Limberger says:

    Infelizmente este Presidente do CREA PR e outros dirigentes estão fora da casinha e imaginando que os profissionais de nível superior podem tudo e sem dividir o espaço do mercado de trabalho.

    Ainda, está sob as trevas da reserva de mercado, que os mesmos defenderem durante mais de 40 anos e é um dos princípios mais nefastos da competitividade.

    Agora, com a criação do nosso Conselho, o CFTA, entendemos e temos convicção que precisamos recuperar parte de nossos prejuízos que as Câmaras de Agronomia nos impuseram nos últimos anos, com decisões ilegais, autoritárias e corporativas e porque não dizer até desumanas.

    Então, Presidente do CREA Pr, nós estamos apenas no começo e temos certeza que se estamos avançando é porque o MERCADO nos recepciona como profissão!

    Sou Mário Limberger, Tecnico Agricola e com muita garra estou trabalhando para defender e dignificar a nossa profissão, que Vocês durante décadas ignoraram com a força dos CREAS e Confea.

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