Conselheiro paranaense Luiz Lucchesi é eleito vice-presidente do Confea
30 de setembro de 2024, às 10h08 - Tempo de leitura aproximado: 8 minutos
O Eng. Agr. Luiz Lucchesi, natural de Curitiba (PR), foi aclamado como o novo vice-presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) durante a 1.688ª plenária, realizada nesta sexta-feira (27/9). O cargo estava vago desde a posse de Eng. Eletr. Evânio Nicoleit na direção da Mútua, e o mandato de Lucchesi segue até o final do ano.
Lucchesi, que possui uma trajetória acadêmica e profissional de destaque, é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordena diversos projetos voltados à sustentabilidade na agronomia. Sua experiência e dedicação ao setor foram amplamente reconhecidas ao longo de sua carreira, com contribuições tanto na área técnica quanto em políticas profissionais e de representatividade na agronomia.
O vice-presidente agradeceu aos 18 conselheiros federais pelas palavras de apoio e estímulo, bem como pela eleição unânime ao cargo de vice-presidente do Confea. Ele destacou o trabalho a ser realizado: “É uma grande satisfação ter sido convidado pelo presidente do Confea, Eng. Telec. Vinícius Marchese, para assumir essa missão junto ao nosso Conselho Federal. Atualmente, há várias frentes de atuação em andamento voltadas ao aprimoramento da formação e do exercício profissional dos nossos registrados nas áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências, cujo trabalho deve ser valorizado tanto no cenário nacional quanto internacional.”
Para o Paraná, essa nomeação representa um marco importante. O presidente do Crea-PR, Eng. Agr. Clodomir Ascari, celebrou a conquista, destacando o papel de Lucchesi no cenário nacional: “O trabalho que ele fez nesses seis anos é motivo de reconhecimento, e essa oportunidade que o Vinicius está dando a ele é um merecimento. Temos orgulho no Paraná por termos tido seis anos de presidência, e agora essa vice-presidência para fechar o mandato do Conselheiro Lucchesi. Sempre é bom ver esse reconhecimento, e é motivo de orgulho para o Paraná termos mais um membro do estado na diretoria do Confea.”
Com uma sólida formação em Engenharia Agronômica, além de mestrado pela UFPR e Ph.D. pela The Ohio State University, Lucchesi se destaca também pela atuação como conselheiro do Crea-PR e pela liderança em várias entidades representativas da classe agronômica, como a Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná e a Confaeab. Sua posse como vice-presidente do Confea reforça o papel de protagonismo dos profissionais paranaenses no cenário nacional.
Confira a seguir a entrevista com o Eng. Agr. Luiz Lucchesi, vice-presidente do Confea.
Agora como vice-presidente do Confea, quais são os principais desafios que o senhor enxerga para as engenharias, agronomia e geociências no cenário nacional?
Lucchesi: Os desafios para a Engenharia, Agronomia e Geociências estão embutidos na contínua necessidade de transformar conhecimento e tecnologia em ações que promovam o desenvolvimento sustentável do Brasil – econômico, ambiental e social. Podemos observar exemplos dessas necessidades em todo o território nacional, tanto no meio urbano quanto no rural. Nesse contexto, destaca-se a necessidade de nossos profissionais liderarem políticas em todos os níveis, que promovam a geração de renda, emprego e riqueza em vários setores da economia, como a mineração, o agronegócio, a indústria, o setor energético, infraestrutura, saúde e educação. Os recentes desastres climáticos, muitas vezes previstos, são um exemplo claro desses desafios. O Sistema Confea/Crea e Mútua pode contribuir significativamente para enfrentar essas questões.
O senhor já tem uma longa trajetória de contribuições acadêmicas e profissionais. Como essa experiência acumulada na UFPR e no Crea-PR ajudará nas suas decisões e ações no Confea?
Lucchesi: Iniciei minha carreira em 1981, como Engenheiro Agrônomo da Secretaria de Agricultura do Paraná, onde atuei na Defesa Sanitária Vegetal. Desde então, percebi a importância de valorizar os colegas profissionais, o que me levou a fundar o Núcleo da Associação de Engenheiros Agrônomos de União da Vitória. Mais tarde, com a experiência adquirida como professor e pesquisador na UFPR, e após concluir meu Ph.D. nos Estados Unidos, acumulei uma visão abrangente do setor público, privado e do terceiro setor. Esse entendimento me fez compreender a relevância das entidades de classe, que fortalecem a cidadania e dão voz às demandas dos profissionais. Toda essa trajetória me preparou para atuar no sistema Confea/Crea e continuar contribuindo com decisões que fortaleçam a nossa atuação.
Quais serão as principais pautas e projetos que o senhor pretende liderar ou apoiar durante este mandato? Há algum foco específico?
Lucchesi: As pautas são muitas, mas meu foco principal tem sido a qualidade da formação dos futuros profissionais. Continuaremos buscando uma interlocução efetiva com o Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Educação e representantes das Instituições de Ensino Superior, para assegurar um ensino de qualidade, especialmente diante dos desafios trazidos pela educação à distância e a proliferação de cursos. Além disso, a atuação dos nossos profissionais na área ambiental e a intensificação da fiscalização também são prioridades. O objetivo é garantir que a responsabilidade técnica seja sempre acompanhada da devida autoridade profissional.
Como o senhor vê o papel do Paraná, tanto em termos de representação profissional quanto no desenvolvimento das engenharias, agronomia e geociências no cenário nacional? Quais expectativas o senhor tem para a contribuição do estado nesse novo ciclo?
Lucchesi: O Paraná tem um papel de destaque, com várias instituições de ensino de alto nível e entidades de classe bem estruturadas. A UFPR, por exemplo, é uma referência tanto na graduação quanto na pós-graduação. Temos entidades tradicionais, como o Instituto de Engenharia do Paraná e as Associações de Engenheiros Agrônomos ligadas à Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná. Acredito que o Paraná pode continuar a ser um exemplo de como harmonizar demandas e interesses através do Crea-PR, contribuindo significativamente para o desenvolvimento do sistema Confea/Crea em nível nacional.
Em sua opinião, quais são as principais demandas dos profissionais de engenharias, agronomia e geociências atualmente, e como o Confea pode atuar para atender a essas necessidades?
Lucchesi: As demandas variam, mas um ponto recorrente é a necessidade de aprimoramento do arcabouço legal que rege nossas profissões, como a Lei 5.194/66. No entanto, é importante ter cautela ao conduzir processos legislativos. Outro ponto de destaque é a atuação dos profissionais de nível médio, onde precisamos aprofundar a discussão sobre atribuições e responsabilidades. A fiscalização, que é uma das missões principais do nosso sistema, também precisa ser fortalecida, e é nosso papel garantir que a atuação dos CREAs seja uniforme e eficaz em todo o país.
Com a sua posse na vice-presidência do Confea, quais são suas expectativas em relação à interação com os conselhos regionais? Como pretende fortalecer essas parcerias?
O cargo e as atribuições da Vice-presidência do Confea estão explicitadas em nosso regimento. Pretendemos atuar como tal sempre em harmonia com a Presidência e com os Conselheiros Federais, ouvindo a nossa estrutura administrativa, técnica e jurídica. Assim, queremos apoiar a estruturação e o desenvolvimento dos trabalhos nas regionais, de forma a atender da melhor maneira possível à missão do nosso Sistema autárquico.
O que o senhor espera alcançar até o fim do seu mandato como vice-presidente?
Entendo que o Sistema Confea, Crea e Mútua é complexo, grandioso e possui muitas amarras burocrático-legais. Portanto, tudo o que se deseja realizar ou concretizar tem custos e exige muito trabalho. Até o final de meu mandato, pretendo continuar com as ações que já estamos desenvolvendo. São muitas frentes de trabalho! Nesse sentido, destaco algumas realizações em andamento, como repetir o sucesso obtido na 78ª SOEA em Gramado, RS, que nesta edição acontecerá em Salvador, BA, durante a 79ª edição.
Nosso objetivo é colher subsídios das palestras, fóruns de discussão e dos espaços do 10º CONTECC para construir posicionamentos do Confea sobre questões ambientais, educacionais e profissionais, com o intuito de fortalecer o exercício e a autoridade de nossos profissionais, especialmente os da Agronomia, que hoje represento.
Além disso, o II Encontro Nacional de Educação Superior, que acontecerá em 10 de outubro de 2024 durante a 79ª SOEA, buscará fortalecer o canal de comunicação com o MEC, que ultimamente não tem sequer respondido às demandas formalmente apresentadas pelo Confea.
Pretendemos também ouvir os setores da economia sobre as demandas atuais e futuras para os profissionais. Em diálogos e ações nacionais e internacionais, esperamos fortalecer nossas entidades de classe, como a CONFAEAB, além de implementar o Programa de Certificação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil pela American Society of Agronomy.
Outra meta importante é conquistar uma seção do Confea na COP30, para que possamos posicionar mundialmente nosso sistema sobre como atuamos e como aprimoraremos nossos trabalhos em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU.
Também queremos abordar como mitigar a emissão dos gases do efeito estufa e nos prepararmos para eventos climáticos extremos, frequentemente causadores de “desastres anunciados”.
Por fim, estamos trabalhando para implementar a inovadora proposta do Professor Dr. Rattan Lal, Prêmio Nobel da Paz, apresentada na abertura da 78ª SOEA. Nessa proposta, aceita por autoridades brasileiras, sugere-se a remuneração do Brasil pelo sequestro de carbono atmosférico e seu armazenamento no solo, promovido pelo agronegócio brasileiro, com o pagamento desse serviço feito pelos países emissores de CO2. O Confea pretende levar essa proposta para a COP30, que será realizada em Belém, PA, em 2025.
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